O que os olhos não leem a sociedade sente: a leitura crítica do gênero notícia em sala de aula

Autores

  • Ana Paula Rezende de Mello Universidade Federal de Minas Gerais
  • Camila de Souza Santos Universidade Federal de Minas Gerais
  • Danúbia Aline Silva Sampaio Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-chave: Letramento, Leitura crítica, Análise do Discurso, Notícias, Educação básica

Resumo

DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v8i3.1453

O presente artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de trabalho para a leitura de textos (MATTOS, 2011; LDB, 1996; BNCC, 2017) em sala de aula que se paute no conceito de leitura crítica (FREIRE, 1986; CASSANY, 2012; ROVIRA, 2009). As motivações que guiam este estudo partem da recente pesquisa de Cruz e Martiniak (2018) sobre a leitura na Educação Básica brasileira, em que um mapeamento de trabalhos acadêmicos que tratam sobre esse assunto aponta altos índices de deficiência sobre esta habilidade. Como constatação, pode-se perceber que os indicadores negativos se relacionam, sobretudo, aos reflexos gerados por exercícios de compreensão da leitura que se restringem à superfície dos textos trabalhados ao longo das aulas de linguagens. Por isso a necessidade de se propor atividades que vão além da materialidade desses textos. Escolhemos, assim, textos informativos da esfera jornalística, especificamente o gênero notícia, para serem trabalhados com alunos do Ensino Fundamental II, do oitavo e do nono ano. Com aporte teórico da Análise do Discurso (ORLANDI, 1999; CHARAUDEAU, 2013; EMEDIATO, 2013), buscamos trabalhar mecanismos de compreensão textual discutidos nessa teoria que conduzam o professor a explorar a dimensão argumentativa (AMOSSY, 2006, 2011; CHARAUDEAU, 2013) presente no texto do gênero notícia. Dessa maneira, esperamos contribuir com docentes do campo das linguagens para um efetivo trabalho da leitura crítica de notícias em sala de aula, além de refletir sobre a importância de referida abordagem na tentativa de amenizar a deficiência de leitura por ora comprovada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Paula Rezende de Mello, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Linguística Aplicada; Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de linguística; Minas Gerais, Brasil.

Camila de Souza Santos, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de linguística; Minas Gerais, Brasil.

Danúbia Aline Silva Sampaio, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de linguística; Minas Gerais, Brasil.

Referências

AMOSSY, Ruth. Argumentação e Análise do Discurso: perspectivas teóricas e recortes disciplinares. Tradução de Eduardo Lopes Piris e Moisés Olímpio Ferreira. EID&A - Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n.1, p. 129-144, nov. 2011

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BACHMAIR, B. PACHLER, N. Framing Ubiquitous Mobility Educationally: Mobile Devices and Context-Aware Learning. Seamless Learning in the Age of Mobile Connectivity. Nova York: Media Singapore, 2015. Capítulo 1. 57 – 74

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, DF, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em 28 de nov. 2018

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, traz orientações gerais sobre a educação no Brasil. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm> Acesso em 30 de out. de 2018.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, BNCC (2017). Baseada na LDB (Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996), explicita os conteúdos por nível de aprendizagem na educação básica brasileira. Disponível em:< http://basenacionalcomum.mec.gov.br/> Acesso em 01 de nov de 2018

CASSANY, D. Explorando las necesidades actuales de comprensión aproximaciones a la comprensión crítica. Universidade Pompeu Fabra, 2004. Disponível em: Acesso em 10 de nov. 2018

________________. Los Significados de la comprensión crítica. Rev. Lectura y Vida. Universidade Pompeu Fabra, Barcelona, 2005. p. 31 - 45.

_________________. Para comprender la ideología. In: Tras las líneas. Barcelona, Anagrama Editorial: 2006. p. 47 - 64.

CASSANY, D. SALA, J. ¿Enseño mis alumnos a leer a mis alumnos de forma crítica? In: ______________(Comp.) Para ser letrados: voces y miradas sobre la lectura. Barcelona: Ed. Paidós Ibérica, 2009, p. 81 - 97.

CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. 2ed. São Paulo: Contexto, 2013, p. 161-174.

CRUZ, E.T.P.; MARTINIAK, V. L. O ensino da leitura e sua relação com a formação de alfabetizadores: apontamentos a partir da produção acadêmica. Rev. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 13, n. 1, p. 67-84, jan./abr. 2018

DIAS, R. Multimodalidade e multiletramento: novas identidades para os textos, novas formas de ensinar inglês. In: DA SILVA, K. A.; ARAÚJO, J. (Org.). Letramentos, discursos midiáticos e identidades: novas perspectivas. 1ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2015, v. 15, p. 305-325

______. Entrevista. Polifonia, 25, 160-170, 2018.

DUBOC, A. P. M. Atitude curricular: letramentos críticos nas brechas da formação de professores de inglês. 2012. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês) – Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo, 2012.

EMEDIATO, W. A construção da opinião na mídia: argumentação e dimensão argumentativa. In _____ (Org.). A construção da opinião na mídia. Belo Horizonte: FALE/UFMG, Núcleo da Análise do Discurso, 2013, p. 69-103.

FREIRE, P.; A importância do ato de ler. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 1981. Disponível em: https://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2014/10/importancia_ato_ler.pdf> Acesso em 30 de nov de 2018.

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3a Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

GIBSON, J.J. (1977). The Teory of affordance. In: Perceiving acting, and knowing: toward an ecological pssychology. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, pp. 67 - 82.

GREGOLIN, M. R. V. A análise do discurso: conceitos e aplicações. Alfa, São Paulo, 39: 13-21,1995

KALANTIZIS. M.; COPE, B. Literacies, Pedagogy. In: KALANTIZIS. M. COPE, B. (Orgs.). Literacies. New York. Cambridge, 2012. Cap. 13. p. 355 – 366.

KRESS, G.; van LEEUWEN, T. Introduction: the grammar of visual design. The Semiotic Landscape: language and visual communication. In: KRESS, G.; van LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London; New York: Routledge, 2006. p. 3-69.

KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. 2ed. São Paulo: Cortez, 2003.

MATTOS, A. M. A. Novos letramentos, globalização e ensino de inglês como língua estrangeira. In: ZACCHI, V. J.; STELLA, P. (Orgs.). Novos letramentos, formação de professores e ensino de língua inglesa. Maceió: Edufal, 2014. p. 101-136.

______. Novos letramentos, ensino de língua estrangeira e o papel da escola pública no século XXI. Revista X, v. 1, p. 33-47, 2011. Disponível em: . Acesso em: 08. nov. 2018.

ORLANDI, E. Análise de discurso: princípios & procedimentos. Campinas/São Paulo: Pontes, 1999.

ROCHA, C.H. et, al. Critical perspectives Language Education and Literacies: discussing key concepts. Rev. Letras Norteamentos. Dossiê Temático em Linguística Aplicada: horizontes multidisciplinares, Sinop, v. 10, n. 23, p. 64-79, outubro 2017.

ROJO, R.; BARBOSA, J. P. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. p.85-113

ROVIRA, S. C. Diez preguntas para leer críticamente la prensa. In: CASSANY, D. (comp.) Para ser letrados: voces y miradas sobre la lectura. Barcelona: Ed. Paidós Ibérica, 2009, p. 99 - 108.

SOARES, M. Verbete O que é letramento? In: Dicionário Crítico de Educação, Presença Pedagógica: 1996, v. 2, n. 10. p. 15 - 25.

_________________. Letramento e Alfabetização: múltiplas facetas. 26ª reunião da ANPED, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf Acesso em 28 de novembro de 2018.

TORRES, K.A. et. al. Implantação da metodologia hibrida (blended learning) de educação numa instituição de ensino privada. In: ESUD, 2014. XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância. Implantação da metodologia hibrida (blended learning) de educação numa instituição de ensino privada. (Anais). Florianópolis/SC 5 - 8 de agosto de 2014 - UNIREDE. p. 2354 - 2365 Disponível em: (Acesso em 07 de março de 2018)

WONG, L.H. A Brief History of Mobile Seamless Learning. In: WONG, L.H; MIRALD, M; SPECH, M. Seamless Learning in the Age of Mobile Connectivity. Nova York: Media Singapore, 2015. Capítulo 1. 3 – 40.

Downloads

Publicado em

10 de outubro de 2023

Como Citar

MELLO, A. P. R. de .; SANTOS, C. de S. .; SAMPAIO, D. A. S. . O que os olhos não leem a sociedade sente: a leitura crítica do gênero notícia em sala de aula. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 8, n. 3, p. Port. 147–169 / Eng. 144, 2023. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1432. Acesso em: 22 jul. 2024.

Seção

A formação de professores de línguas na contemporaneidade: cenários, desafios e possibilidades