Um menino, uma árvore: representações sociais e repercussões para o ensino de literatura

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.8367491
Palabras clave: Educação pública, Ensino de literatura, Aluno empírico, Ser concreto, Humanização

Resumen

Os processos pedagógicos formais que acontecem na escola não estão alijados das condições objetivas dos sujeitos envolvidos e dos discursos que circulam socialmente. Os enunciados que dão materialidade a esses discursos têm, cada vez mais, dado primazia ao indivíduo em detrimento do social e valorizado um “conhecimento útil”. Isso, para a educação, cria, artificialmente, uma cisão entre contexto e aprendizagem e ignora as múltiplas dimensões da vida. Pensando nisso, este ensaio traz algumas reflexões sobre o ensino de literatura na escola pública brasileira, sob a perspectiva da humanização (SAVIANI, 2008; CANDIDO, 1999, 2004). Os apontamentos têm como ponto de partida a análise de uma reportagem veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo. O percurso argumentativo defende a tese de que as condições objetivas dos alunos da rede pública de ensino, a sublimação artificial de desafios coletivos em histórias de superação e de mérito individual e o ultrapragmatismo contemporâneo na pesquisa e nos documentos que balizam a educação colaboram para a valorização do aluno empírico e o apagamento do ser concreto. Por conseguinte, fragilizam-se o ensino de literatura, o processo de humanização e a formação de professores.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Nataniel Mendes da Silva, Instituto Federal do Maranhão

Doutoramento em Ciências da Educação - Tecnologia Educativa, na Universidade do Minho-Braga/Portugal. Mestre em Cultura e Sociedade com área de especialização em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, pela Universidade Federal do Maranhão. Especialista em Língua Portuguesa e Literatura, pela Faculdade Atenas Maranhense e Graduado em Letras pela Universidade Federal do Maranhão. Professor efetivo do Instituto Federal do Maranhão - Campus São Luís - Centro Histórico.

Citas

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BAKHTIN, Mikhail; VOLOCHINOV, Valentin Nikolaevich. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 11. ed. São Paulo: Hucitec, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. LEI No 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017. , 2017 a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em: 15 maio 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretária da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: DF. , 2017 b.

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. Remate de Males, p. 81–90, 1999. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8635992. Acesso em: 4 fev. 2021.

CANDIDO, Antonio. O Direito à Literatura. In: CANDIDO, ANTONIO. Vários escritos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004. p. 169–191.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2013.

DALVI, Maria Amélia. Criatividade na BNCC e em pesquisas atinentes à educação literária: indagações e desvelamentos. Revista Desenredo, v. 15, n. 2, 2019a. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rd/article/view/9900. Acesso em: 21 maio 2020.

DALVI, Maria Amélia. “Criatividade” no ensino de literatura e na formação de leitores literários. In: CIRCULAÇÃO, TRAMAS & SENTIDOS NA LITERATURA, 2019b, Brasília. Anais... Brasília: [s.n.], 2019. p. 3160–3169. Disponível em: https://abralic.org.br/anais/. Acesso em: 2 maio 2021.

DALVI, Maria Amélia. Literatura na escola: propostas didático-metodológicas. In: DALVI, MARIA AMÉLIA; REZENDE, NEIDE LUZIA DE; JOVER-FALEIROS, RITA (Org.). . Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola, 2013. p. 67–97.

DALVI, Maria Amélia. Sobre o esvaziamento da formação de professores de literatura. Revista Voz da Literatura, Literatura & Educação. p. 1–7, 2021. Disponível em: https://www.vozdaliteratura.com/post/sobre-o-esvaziamento-da-forma%C3%A7%C3%A3o-de-professores-de-literatura. Acesso em: 28 abr. 2021.

DALVI, Maria Amélia. Um clássico sobre educação literária: “O direito à literatura”, de Antonio Candido. Via Atlântica, n. 35, p. 221–234, 2019c. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/154687. Acesso em: 28 abr. 2021.

DUARTE, Newton. O currículo em tempos de obscurantismo beligerante. Revista Espaço do Currículo, p. 139–145, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/ufpb.1983-1579.2018v2n11.39568. Acesso em: 4 maio 2021.

FANTÁSTICO. Jovem sobe no alto de árvore para melhorar sinal de internet e assistir aulas no Pará | Globoplay. . [S.l: s.n.]. Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/9369298/. Acesso em: 14 abr. 2021. , 2021

FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & diálogo: as idéias lingüísticas do círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar Edições, 2003.

FONTES, Nathalia Soares. A literatura na base nacional comum curricular: o ensino literário e a humanização do indivíduo. 2018. 121 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Educação) – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Corumbá, 2018.

JOVER, Guadalupe. Un mundo por leer: educación, adolescentes y literatura. Barcelona: Octaedro, 2007.

KOSÍK, Karel. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1969.

LAVOURA, Tiago Nicola. AULA 08 Contribuição da PHC para o desenvolvimento da prática educativa: os fundamentos da didática. . [S.l: s.n.]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gMycCUzPW4I&list=PLIO3rdVtpBvZ2s7tKIDNKcKZwn11oENbN&index=9. Acesso em: 21 abr. 2021. , 2020

MENDES, Nataniel. BNCC e o professor de literatura: água que corre entre pedras. Revista Teias, v. 21, n. 63, p. 135–147, 14 dez. 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/53725. Acesso em: 15 dez. 2020.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 10. ed. Campinas: Editora Autores Associados, 2008. (Coleção Educação contemporânea).

SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

Publicado

marzo 31, 2022

Cómo citar

SILVA, N. M. da. Um menino, uma árvore: representações sociais e repercussões para o ensino de literatura. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 11, n. 1, p. 219–235, 2022. DOI: 10.5281/zenodo.8367491. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1096. Acesso em: 3 jul. 2024.

Sección

Ensaios