v. 1 n. 14 (2023): Mulheres nas ciências, carreiras docentes e espaços de Poder
Este Dossiê temático: Mulheres nas ciências, carreiras docentes e espaços de poder, foi proposto por mim, pela pesquisadora Dra. Maria do Rosário de F. Andrade Leitão (UFRPE) e pelo pesquisador Dr. Fábio Ronaldo da Silva (UNEB). Nossa convergência de interesses em pesquisas sobre gênero motivou-nos a empreender esta iniciativa, visando contribuir de maneira significativa para as reflexões pertinentes às relações de gênero. A escolha do enfoque em análises relacionadas às experiências de mulheres nas ciências e nas carreiras docentes e espaços de poder, foi motivada pelo propósito de aprofundar nossa compreensão sobre as práticas que dificultam o acesso aos espaços de poder de maior prestígio para as mulheres nas instituições científicas e universidades. Infelizmente, no percurso, embora sentido muito, tivemos que aceitar os pedidos de saída da coordenação deste Dossiê de Maria do Rosário e de Fábio Ronaldo que precisaram direcionar toda a atenção deles para outros compromissos e entenderam não ser adequado manterem seus nomes na coordenação deste Dossiê. O zelo com os valores éticos demonstrados por esses professores que tanto admiro por relações de amizade os tornam ainda mais valiosos como excelentes pesquisadores que são. Na perspectiva do inicialmente proposto por mim e acatados pelos professores quando do trabalho para este Dossiê, fizemos a chamada de artigos às pesquisadoras e pesquisadores especializados no tema de gênero, na expectativa de contribuições para o conhecimento e debate de tema tão pertinente a e atual que se relaciona com corporeidades, emoções, afetos, sensibilidades, história das mulheres nas ciências, história de mulheres nas engenharias, discriminação e preconceito de gênero nas carreiras docentes, disputas e espaços de poder, feminismos plurais e teorias feministas. Conforme resumimos na chamada deste Dossiê, a atual configuração das disputas de poder, tanto no Brasil quanto globalmente, está marcada pela presença e ativismo político de grupos, organizações e lideranças de extrema-direita. Esses agentes têm empregado uma variedade de estratégias para impor uma “pauta moral e de costumes” ao debate público. Uma das questões mobilizadas pela citada “pauta de costumes” da extrema-direita é a temática de o gênero. O embate direto contra os movimentos feministas, as discussões sobre gênero e sexualidade tem repercutido de maneira a representar uma ameaça substancial aos avanços históricos das mulheres, tendo impactos tangíveis no aumento de diversas formas de violência perpetradas contra elas, mas principalmente no recrudescimento do feminicídio. A universidade pública tem se destacado como um lócus privilegiado para a produção de conhecimento e promoção de debates, especialmente no tocante às questões de gênero. Nesse sentido, os estudos sobre as “Mulheres na ciência, carreiras docentes e espaços de poder” emergem como uma área de significativo interesse, sendo fundamental para a compreensão aprofundada desse tema e de múltiplos aspectos relacionados às subjetividades e formas de subjetivação das mulheres no ambiente de trabalho, notadamente em suas trajetórias nas carreiras docentes.
Coordenadora do Dossiê:
Rosilene Dias Montenegro - Universidade Federal de Campina Grande –UFCG – Campina Grande – PB - Brasil