A Mnemosine Revista lança a chamada para o Dossiê: Contrahistórias, Traumas e Imagens: articulações teóricas de uma escrita porvir - vol. 16.1

13-05-2025

O dossiê propõe reunir contribuições que reflitam criticamente sobre as articulações entre imagem, trauma, memória e história a partir de abordagens interdisciplinares, com ênfase na história potencial, conforme formulada por Ariella Aïsha Azoulay. A proposta parte do reconhecimento de que a imagem constitui um campo sensível e político de inscrição da dor, da ausência e da violência, reaparição e possibilidade de reescrita histórica.

Inspirados pelas contribuições de Azoulay (2024), Barthes (2004), Didi-Huberman (2017, 2020), Sontag (2003, 2004) e Albuquerque Júnior (2025), o dossiê se coloca como um espaço de investigação sobre como as imagens – enquanto documentos frágeis e tensionados – desafiam a linearidade da narrativa histórica. Ao enfatizar o papel da imagem como resto, traço ou fantasma, pretende-se discutir os modos pelos quais ela participa da elaboração do trauma, do trabalho da memória e da abertura para outras possibilidades de futuro. Entretanto, é importante sublinhar que, embora a categoria de trauma — assim como conceitos como genocídio ou etnocídio — seja indubitavelmente crucial para a compreensão da violência histórica, suas formulações convencionais frequentemente falham em ao menos dois aspectos: tendem a marginalizar ou apagar as experiências traumáticas de culturas não ocidentais ou minorizadas, e geralmente pressupõem a universalidade de definições de trauma e recuperação moldadas pela história da modernidade ocidental. Como resultado, em vez de promover a solidariedade intercultural, a teoria do trauma frequentemente corre o risco de reforçar as próprias estruturas e pressupostos que sustentam desigualdades e injustiças em curso, historicamente coloniais.

A proposta se ancora também na ideia de que a história, enquanto escrita do tempo no corpo e na linguagem, persiste como espectro – pelas "cascas", nos termos de Didi-Huberman, que a imagem carrega. Ao revisitar fotografias de dor, ruínas da história e testemunhos visuais da violência, convidamos autoras e autores a pensar o gesto historiográfico como uma prática sensível, ética e politicamente engajada na escuta e visibilidade do que foi silenciado, apagado ou esquecido.

 

Organizadores:

Prof. Dr. Fábio Feltrin (UFPR) 

Prof. Dr. Ricardo Machado (UFFS)

 

As propostas devem ser enviadas nesta plataforma OJS, no Item “Submissões”.

https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/mnemosine

Data limite: 30/07/2025.