v. 1 n. 11 (2020): Instituições Educativas
Reformas educacionais, relatórios, anuários, atas, livros de matrícula, livros de pontos, atas de fundação, revistas pedagógicas, jornais, boletins, cadernetas, livros didáticos, impressos de planejamento, cadernos escolares, atas de reuniões pedagógicas, eventos comemorativos, imagens, mobiliário, arquitetura... Ufa?! Quantas fontes são cartografadas para se inquirir a(s) história(s) de uma instituição, colocada como sinônimo e essência de educação, como é a escola. Peter Gay1 aponta que a educação foi sequestrada pela escola, dela se apossou e sobre ela se estabeleceu regimentos, currículos, formações, comportamentos, sensibilidades... A escola é produto da História, sofre mutações e se adéqua as necessidades que surgem no percurso de constituição e ressignificação de uma sociedade. Ela é ciência, é conteúdo e disciplina. Mas, também é vida que pulsa, que educa, que orienta sobre as diversas lentes que lêem o mundo, nós mesmos e o outro. Instituição presente nos longos anos da vida de um sujeito, em seus mais diversos níveis educacionais, a escola produz memórias, pensa a urbe tanto quanto é pensada por uma pedagogia da cidade. Ela tem um lugar de fala, de conformação, de instituição e normatização de saberes, mas também se conduz pela criatividade, pela reinvenção, pelas trocas e experiências sensíveis que formam tanto quanto transformam os indivíduos. Posta pelo avesso pelos diversos domínios da História, a escola vem sendo pesquisada, mais enfaticamente, pela História da Educação, dentro do que se concebeu como História das Instituições Escolares. Mas tão complexo e híbrido é este espaço, que outros olhares e apropriações ainda são possíveis, como da História da Saúde, da Geografia e Psicologia Escolar, da Sociologia, Antropologia e Filosofia da Educação, entre outras áreas de pesquisa. Dentro da história das instituições escolares, estudiosos como Demerval Saviani e Justino Magalhães se dedicaram a pensar a escola por meio do que ela institui. Saviani (2007, p.5) concebe as instituições escolares como “[...] necessariamente sociais, tanto na origem, já que determinadas pelas necessidades postas pelas relações entre os homens como no seu próprio funcionamento, uma vez que se constituem como um conjunto de agentes que travam relações entre si e com a sociedade à qual servem”. Já Justino Magalhães (2004), por sua vez toma a definição de uma “Instituição educativa” de forma mais ampla, para além das fronteiras impostas pelos muros escolares. Acreditamos que estes artigos aqui trazidos, convidam o leitor a se aprofundar em figuras históricas e conceituais, que esboçam desde a história de instituições educativas, recortadas num dado tempo e espaço, como os colégios, teatros e grupos escolares, às práticas educativas vivenciadas e reguladas no interior dos discursos existentes em periódicos jornalísticos, filmes e narrativas orais. Eis o nosso convite e o desejo a uma boa e significativa leitura!
Coordenação do dossiê
Azemar dos Santos Soares Júnior - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGEd/UFRN) - Universidade Federal de Campina Grande (PPGH/UFCG)
Vivian Galdino de Andrande - Universidade Federal da Paraíba (UFPB\Campus III) - Universidade Federal de Campina Grande (PPGH/UFCG)