v. 4 n. 1 (2013): Nordeste coisa de cinema
Representar o “Outro” constitui um dos maiores desafios, mas também uma das mais avassaladoras tentações do ente que convencionamos denominar “ser humano”. Talvez não seja despropositado afirmar que o impulso – cognitivo e emocional – que nos impele ao conhecimento e, consequentemente, ao ordenamento do mundo, é uma marca universalmente partilhada, ainda que apresente variações (por vezes dramáticas ou, ao contrário, apenas sutis) segundo os períodos históricos, ideologias políticas, preceitos morais e religiosos, contextos socioculturais, imperativos econômicos, interesses políticos e/ou mercadológicos, e assim por diante. Ainda assim, os múltiplos idiomas por meio dos quais os sujeitos procuram conhecer, reconhecer e representar os seus (nossos), “outros” guardam um quê de mistério – ou melhor, emergem a partir de uma necessidade imiscuída a um sentimento de incompreensão ou impotência e é justamente essa qualidade que (n)os leva a imaginá-los, fantasiá-los, idealizá-los, subjugá-los, amá-los ou odiá-los.