v. 1 n. 2 (2010): Brasil Imperial
Tendo a acreditar que, dentre os indicadores privilegiados para a compreensão da cultura de uma época, um dos mais formidáveis seja sua produção historiográfica. A História é um saber caracterizado pela reunião de vestígios que trazem aos nossos dias uma presença transfigurada do passado. Esta operação de transfiguração, entretanto, não se faz ao acaso. A evocação dos mortos e sua ressurreição discursiva tem como móvel questões que dizem de nossa contemporaneidade. Os efeitos de real construídos pelos historiadores alimentam certa fome de respostas. Nunca é supérfluo recordar que os passados recompostos pelas mãos que historiam não correspondem a nada mais que uma seleção de vestígios e fontes, baseada em dada quantidade de escolhas. Lidamos sempre, não com reflexos reais de um pretérito presente, mas, antes de mais nada, com nossa capacidade de construir e demandar uma versão a respeito dele.