TAMBÉM GUARDAMOS PEDRAS AQUI DE LUIZA ROMÃO
UM ESTUDO DA RECEPÇÃO DOS CLÁSSICOS EM SEUS POEMAS NÃO-HOMÉRICOS
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.15235809Resumo
O poemário, Também guardamos pedras aqui de Luiza Romão (2021), evoca o passado remoto troiano para traçar a ruína da contemporaneidade no seio do colonialismo grego. Uma dessas meditações da autora se materializa em trazer à tona cinco nomes de mulheres que estão totalmente ausentes na principal fonte literária da Guerra de Troia: a Ilíada de Homero (2015). O nosso objetivo é, pois, iniciar um estudo dos poemas não-homéricos - ‘ifigênia’, ‘laodâmia’, ‘pentesileia’, ‘polixena’ e ‘ilíone’ -, a fim de observar como a recepção dos clássicos por parte da poeta tem a contribuir para o entendimento de seus versos. Alguns teóricos como Martindale (2006), Hardwick e Stray (2011) e Bakogianni (2016) são usados para esclarecer o significado desse campo de recepção. Os resultados mostram a criatividade da poeta na manipulação do material greco-romano antigo, seja de origem textual, e.g. a epístola de Laodâmia para Protesilau nas Heróides de Ovídio (2003), seja de origem arqueológica, e.g. a amazonomaquia em parte dos murais na Acrópole grega.
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