O MAR E A BAHIA NA CONSTRUÇÃO DE IDEIAS SOBRE FEITIÇARIA (XVI- XVIII)

Autores

  • DIMAS CATAI SANTOS JUNIOR Instituto Federal Baiano (IFBA)

Palavras-chave:

Feitiçaria, Inquisição, Bahia, Mar

Resumo

Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a mão-de-obra escravizada africana crescia em volume e importância para a economia das grandes praças americanas. O tráfico e os tumbeiros geravam verdadeiras fortunas – e tragédias – e a concentração de homens e mulheres de cor livres e libertos alcançava números impressionantes. A sociedade construída nos trópicos, que tentava espelhar o modelo do Antigo Regime lusitano, empregava elementos de hierarquização social com base na distinção dos indivíduos e do reforço de um ideal de “qualidade”. Aos marginalizados – cristãos-novos, africanos, marranos, indígenas etc –, era lançada uma série de suspeições e máculas como forma de reforçar os instrumentos de distinção. Se a antiga condição gentia, posição jurídica e os defeitos mecânicos atravessavam boa parte dos povos tradicionais e africanos, a suspeita com relação a desvios na fé e emprego de feitiços era mais um dos elementos que buscava marginalizar esses grupos. Desta maneira, mesmo que a Inquisição servisse como filtro capaz de separar aquilo que ela julgava ou não como delito de feitiçaria, o grande guarda-chuva conceitual que o termo se tornou foi capaz de abrigar uma série de práticas que pareciam estranhas ao Tribunal, mas que foram enquadradas como feitiço pelos observadores locais e denunciantes de primeira e segunda ordem – os que viam ou ouviam dizer e os que remetiam as denúncias ao Santo Ofício. O mesmo atlântico que serviu como palco de transformação e alargamento do conceito de feitiçaria empregava-o na construção e reforço das hierarquias das sociedades construídas no mundo colonial.

Biografia do Autor

DIMAS CATAI SANTOS JUNIOR, Instituto Federal Baiano (IFBA)

Doutorando em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professor efetivo do Instituto Federal Baiano (IFBA)

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Publicado

24-05-2025