ENTRE A CORDILHEIRA DO ATLAS E O MACIÇO DOS PIRINEUS: A ETNOGRAFIA COMO PRÁTICA E GÊNESE DO APARELHO CONCEITUAL DE PIERRE BOURDIEU
Resumo
A transição de Pierre Bourdieu da Filosofia para as Ciências Sociais é marcada definitivamente pelos trabalhos realizados tanto na Argélia, durante a ocupação francesa, quanto no Béarn, sua terra natal, formando epistemologia e sua ação política. Ao compreendermos isso, percebemos que os conceitos que ele desenvolveu para interpretar o mundo social e as categorias analíticas que empregou não surgiram do vazio metafísico. O conjunto conceitual emerge do aprofundamento na análise de dados e na observação empírica que ele utilizou para compreender as estruturas econômicas e temporais, possibilitando a transformação social nos dois campos de estudo. Conceitos como habitus, condicionamentos sociais e culturais vividos pelas formações modernas e incorporados pelos agentes, atravessados por estas mesmas formações modernas, foram guiados pelas questões empíricas, justamente por estarem centrados nas questões sociais analisadas por ele. A pesquisa empírica permitiu que ele testasse hipóteses, comparasse as transformações em sua cidade natal e na Argélia, observasse a compreensão do tempo e o mundo econômico para validar sua teoria. Para isso, ele utilizou instrumentos metodológicos como fotografia em situações extremas, como uma guerra, para melhor analisar o drama vivido pelos argelinos. As fotografias ou disposições nelas incorporadas também serviram para compreender os corpos de seus conterrâneos. Desse modo, o aparelho conceitual empregado por Bourdieu, emerge de seu trabalho no campo