AS MULHERES E O TRABALHO DO CUIDADO: SOBRECARGA, AMOR OU UMA PROBLEMÁTICA INVISÍVEL?
Resumo
Frequentemente, mencionamos a sobrecarga de trabalho como a resultante da acumulação de serviços provenientes de um ou mais cargos profissionais exercidos simultaneamente, caracterizados por exigências e prazos excessivos. É sabido que essa configuração pode ocasionar problemas de saúde, como Burnout ou estafa, além de poder gerar litígios judiciais entre as partes envolvidas. Contudo, existe uma nuance do excesso de carga que é de conhecimento público, mas que carece de debate e políticas públicas eficazes no Brasil para mitigar o problema: a sobrecarga de trabalho das mulheres dentro e fora do lar. Isso acontece devido a uma construção cultural e política que atribui os cuidados maternais e domésticos/familiares como atividades de responsabilidade majoritariamente feminina. Essas atividades não possuem períodos de descanso nem férias, propiciam situações de abuso e não são adequadamente delimitadas nos projetos de lei, resultando em interrupções nas carreiras profissionais, desvalorização salarial, restrição de acesso a cargos e concursos, estresse, desemprego, falta de suporte financeiro e outras consequências. Surge, então, a indagação: como essas demandas foram se estabelecendo, qual é a sua alimentação, como estão sendo mantidas atualmente e quais são as implicações disso?