A FOTOGRAFIA COMO APORTE DE UM OLHAR CAMINHANTE:
O DESVELAR DA ARQUITETURA QUIXADAENSE
Resumo
Localizada no interior do estado do Ceará, Quixadá é uma cidade que chama atenção antes mesmo de adentrar. Conhecida como a Terra dos Monólitos, por ser cercada por formações rochosas e ter se desenvolvido em torno de uma, é uma cidade que atrai a população das cidades vizinhas em busca de serviços. Comumente se houve de moradores e visitantes “Quixadá é uma cidade sem história”, frase motivada pelas grandes transformações e impactos causados na paisagem nos últimos anos e pelo consequente desaparecimento e degradação de uma arquitetura que conformava um centro histórico outrora, que só pode ser apreciado por fotos em preto em branco. O percurso pelo centro da cidade, hoje em expansão principalmente no setor de serviços e mobiliário, nos deixa desavisados de detalhes arquitetônicos que ajudam a contar um pouco da história de Quixadá. A profusão de letreiros, propagandas e tapumes de novas construções se sobrepõem às poucas edificações históricas que ainda resistem nesse espaço, em muitos casos em estado de degradação ou abandonados. Partindo desta inquietação, este ensaio objetiva apresentar através da fotografia outros pontos de vista de edificações antigas que ainda resistem no centro da cidade. As fotografias aqui apresentadas partem de uma série de derivas urbanas, prática metodológica já conhecida e experienciada por estudiosos da cidade e por campos epistemológicos como a geografia urbana e urbanismo. Aliados a isso foram feitos registros fotográficos buscando captar como essa arquitetura, ora se esconde, ora se ressalta em meio a efervescência urbana. A deriva urbana, pensada por Guy Debord (1958), consiste na prática do caminhar por um percurso não definido, guiando-se pelo espaço urbano e pelos elementos que o constituem, tais como a rua, as pessoas, os espaços públicos e, neste caso, a própria arquitetura. Através desse deslocamento, segundo Jean Marc Besse (2013) é possível conhecer a paisagem, que por sua vez é a experiência onde o habitar humano se desenvolve no mundo. A caminhada aqui configura-se como um instrumento de percepção da cidade, visto que ao caminhar pela paisagem urbana, cada corpo na sua individualidade, se apropria do espaço e o requalifica. Entende-se que para essa experimentação a prática da deriva urbana, como uma metodologia que estrutura minimamente o caminhar, possibilita o entendimento e acesso a essas paisagens que formam a cidade. As fotografias apresentadas também representam a dualidade entre a arquitetura que remonta outros tempos, com a profusão de um centro comercial em constante expansão. A história que essas edificações contam passam despercebidas muitas vezes, e até mesmo fazer deriva urbana a partir disso é um exercício de minuciosa atenção. São detalhes arquitetônicos, frisos, ornamentos, platibandas e formas vistos em fachadas que se misturam e se confundem com os novos usos, percebidos através das placas e letreiros de lojas. Os registros também denunciam o estado de descaracterização e até mesmo de abandono, que edifícios com características estilísticas relevantes estão atualmente, consequência de uma ineficiência de gestão patrimonial local.
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© 2024 Stephane de Sousa e Silva Maia, Glaudemias Grangeiro Junior
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