CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PRÁTICA CLÍNICA ANTIRRACISTA NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA
Resumo
A presente pesquisa objetivou identificar princípios para ações na clínica psicoterápica embasada na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) que considerem as especificidades e repercussões do racismo antinegro na população negra brasileira, a partir da percepção de psicoterapeutas. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas em ambientes virtuais com 13 participantes, todos psicoterapeutas vinculados à ACP. As entrevistas foram registradas em áudio e os dados foram interpretados utilizando a Análise Temática. No total, foram elencados três temas: o conhecimento sobre raça e racismo, a abordagem de temáticas ligadas à raça e ao racismo na psicoterapia e as ações clínicas voltadas para uma prática antirracista na ACP. Foram identificadas as seguintes categorias: a) conhecimento abrangente sobre raça, racismo e suas implicações; b) impactos da similaridade ou diferença racial entre terapeutas e clientes; c) divergências entre psicoterapeutas brancos e pretos; d) necessidade de atualização teórica da ACP para abranger as diversidades culturais e e) intervenções que fortaleçam e gerem maior capacidade de enfrentamento do racismo. A pesquisa indica a necessidade de maior domínio sobre as questões raciais e étnicas por psicoterapeutas ligados à ACP, especialmente por psicoterapeutas autodeclarados brancos e pardos, visto que aqueles que se identificam como pretos foram os únicos que demonstraram conhecimento sistemático sobre a temática. Há o reconhecimento da necessidade de atualização teórica da ACP em direção a diversidade cultural. Os psicoterapeutas podem desempenhar um papel significativo na luta contra o racismo, ao integrar os princípios da Abordagem Centrada na Pessoa em seu trabalho e ao se comprometerem ativamente com a promoção da igualdade racial e da justiça social.
