Argonautas do asfalto: estudo da formação do ethos dos carroceiros da Feira Central.

Autores

  • Raí de Melo Porto UFCG
  • Vanderlan Silva UFCG

Palavras-chave:

TRABALHADORES, SOCIABILIDADES, INVISIBILIDADE SOCIAL

Resumo

O presente relatório apresenta os resultados de pesquisa desenvolvida no quadro do Programa PIBIC/UFCG/CNPq, desenvolvida no período de setembro de 2022 a agosto de 2023, na qual estudamos a formação do ethos dos carroceiros da Feira Central de Campina Grande-PB. Para isso, buscamos observar, compreender e interpretar as práticas cotidianas dos carroceiros, a partir de suas relações de trabalho, tais como as motivações que os levaram a exercer a atividade, pontos de apoio, como se anunciam aos fregueses contratantes e combinam os preços, o tratamento que dão às mercadorias transportadas, o acompanhamento dos fregueses até estacionamentos e pontos de ônibus. Na metodologia fizemos uso da prática etnográfica, através de observação minuciosa do dia a dia dos carroceiros, mediante conversas e realização de entrevistas gravadas com fregueses, comerciantes e carroceiros. Nossas análises revelaram que os carroceiros são parte constituinte do cenário social da feira, com contribuições importantes para a realização do evento feira-livre, especialmente no transporte de mercadorias para comerciantes e fregueses. Apesar de existirem nesse ambiente social desde longa data, sendo inclusive “herdeiros” dos antigos cabeceiros/chapeados/balaieiros, os carroceiros ocupam o mais baixo estrato social entre os sujeitos sociais que diariamente trabalham na Feira Central de Campina Grande-PB, ao ponto de sequer constarem nos registros oficiais da municipalidade como trabalhadores da localidade. Essa invisibilidade é fruto de “desvalorização” social à qual eles são cotidianamente submetidos.

Downloads

Publicado

2024-12-22