GORDOFOBIA VS EMPATIA NO CONTEXTO DE ACADÊMICOS DE NUTRIÇÃO: UM ENFOQUE PSICOSSOCIOLÓGICO.
Resumo
A formação do nutricionista é multideterminada e, além dos componentes curriculares, é atravessada por influências sociais, que podem reverberar práticas pouco empáticas e estigmatizantes sobre a pessoas com obesidade. Assim, objetivou-se apreender as representações sociais (RS) da obesidade elaboradas por estudantes de Nutrição; especificamente, buscou conhecer o papel preditor de variáveis como empatia, satisfação corporal, culpabilização da pessoa com sobrepeso e correlatos sociodemográficos no desfecho do preconceito de peso. Tratou-se de um estudo transversal, com amostra não probabilística de 135 estudantes, maioria feminina (80,7%) e com idades entre 18 e 29 anos (M=21,5; DP=2,33), os quais responderam a um conjunto de instrumentos. Os dados foram submetidos aos softwares SPSS – para fins de caracterização da amostra, análises de correlações e regressão múltipla – e Iramuteq, a fim de obter a classificação hierárquica descendente do corpus textual com os saberes compartilhados pelos discentes. Observou-se que participantes com maior satisfação corporal e que culpabilizaram as pessoas com sobrepeso apresentaram uma tendência gordofóbica, o que sugere uma provável conformação desse grupo ao padrão estético socialmente valorizado e, consequentemente, maior tendência à reprodução do estigma de peso. As RS da obesidade foram objetivadas em elementos de caracterização diretamente associados a julgamentos e prejuízos (físicos, sociais e psicológicos), que justificaram o incentivo ao tratamento, controle de peso e mudança de hábitos. Diretamente associada a esta dimensão, os obstáculos ao processo de emagrecimento apresentaram um viés psicológico, o que parece corroborar a tendência à culpabilização evidenciada no estudo quantitativo. Finalmente, possibilidades de ensino, pesquisas e intervenções são sugeridas.
