CORPO, OBESIDADE, SAÚDE E DIVERSIDADE: CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOS/DAS PROFISSIONAIS DE SAÚDE VINCULADOS/AS AO PROTEJA EM CUITÉ-PB.
Palavras-chave:
Corpo, saúde, Padrões estéticosResumo
O Brasil está entre os maiores consumidores per capita de medicamentos para emagrecer, procedimentos cosméticos e cirúrgicos, incluindo as lipoaspirações. Pesquisas sugerem elevados índices de insatisfação, entre crianças e adolescentes em idade escolar, com seus próprios corpos. Na cultura do “corpo-espetáculo”, os corpos terminam sendo “consumidos” como um “retrato” que sintetiza e reduz a vida humana às impressões passadas pela aparência. Esse movimento, muitas vezes, é reproduzido de forma irrefletida pelas instituições de saúde e seus atores, que também são produto e produtoras/reprodutoras das relações estabelecidas na sociedade. O presente estudo objetivou analisar as concepções de profissionais do PROTEJA, considerando suas práticas em saúde quando se trata das crianças que acompanham. Para tanto, estruturou-se um grupo focal para promover uma discussão sobre corpo, obesidade, saúde, beleza e diversidade nas crianças, a partir de uma vinheta selecionada pelas pesquisadoras. A discussão foi mediada com base em um roteiro semiestruturado e os dados analisados com a técnica de análise de conteúdo temática. O conteúdo que emergiu das discussões sugere que os mecanismos de ajuste impostos pelos padrões de beleza que modelam os corpos adultos, também recaem sobre as crianças, camufladas pelo discurso supostamente bem-intencionado de cuidado e saúde, desconsiderando a diversidade dos corpos e as necessidades de cada um. Ao mesmo tempo, observou-se uma crítica à imposição dos padrões estéticos de forma indiscriminada para as crianças, sobretudo entre as mulheres, sugerindo reflexões desencadeadas, possivelmente, pelo questionamento dos padrões estéticos e do status quo por movimentos, como o feminismo e a contracultura.