PADRONIZAÇÃO DO MODELO EXPERIMENTAL DE SEPSE POLIMICROBIANA ADEQUADO A ESTUDOS DO EFEITO ANTIBACTERIANO IN VIVO
Palavras-chave:
sepse, atividade antibacteriana, índice de contaminaçãoResumo
Introdução: A sepse consiste em uma emergência médica, desencadeada por uma resposta imunológica exacerbada frente a um processo infeccioso. Um dos pilares do seu tratamento trata-se da antibioticoterapia, medida que encontra crescente dificuldade para ser eficaz, em virtude dos microrganismos existentes e da prescrição inadequada de antibióticos. Nesse contexto, os estudos pré-clínicos in vivo contribuem para avaliar a atividade antibacteriana de novas substâncias, pois refletem com maior fidelidade a dinâmica real acerca do crescimento de patógenos. Todavia, não há homogeneidade nesses estudos no que se refere a indução de infecção sistêmica em camundongos. Objetivo: Padronizar o modelo experimental de sepse polimicrobiana para avaliação da atividade antibacteriana in vivo em camundongos. Metodologia: O experimento ocorreu com a inoculação de 200 μL de Escherichia coli ATCC 25922 + 200μL de Staphylococcus aureus ATCC 25925, ambos inóculos padronizados na escala de 0,6 MacFarland, em camundongos albinos variedade Swiss, divididos em três grupos (n=5): grupo 1: infectado sem tratamento; grupo 2: infectado com tratamento com gentamicina 10 mg/kg; grupo 3: inoculado com veículo (solução salina). O grupo 2 foi tratado após 1h e 6h de inoculação com gentamicina. Os animais foram avaliados quanto a sobrevida 3 vezes ao dia durante 7 dias. Após a morte natural ou eutanásia, foram retirados os õrgãos baço, fígado, coração, rim direito e esquerdo e pulmão direito e esquerdo. Em seguida, os órgãos foram pesados, homogeneizados e diluídos em PBS e semeados em placas de ágar manitol salgado e ágar MacConkey, para posterior contagem das placas. Resultados: O grupo teste apresentou sobrevida de 40% ao final do segundo dia, enquanto os demais grupos tiveram sobrevida de 100% no sétimo dia. Em relação a contagem de UFC/g dos órgãos analisados, observou-se que o grupo 1 apresentou carga bacteriana na ordem de 104 maior que os demais grupos. O índice de Contaminação Visceral (ICv), buscou avaliar a proporção entre a concentração máxima do grupo 1 com a concentração máxima do grupo 3. O órgão com maior ICv foi o coração (48,36%) e o menor foi o baço (2,31%). O ponto de corte estimado para selecionar ou descartar os órgãos para estudos posteriores foi de 10,88%. Logo, os órgãos com ICv > IClim foram coração, fígado, rim direito e esquerdo. Conclusão: O ensaio revela que a concentração de 400μL de inóculo polibacteriano é capaz de gerar quadro séptico e que os órgãos coração, fígado, rim direito e esquerdo poderão ser retirados e empregados como monitoramento da contaminação bacteriana em próximos estudos para investigar moléculas com atividade antibacteriana para este modelo.