A Força destrutiva da ira nas tragédias Medeia e Tiestes de Sêneca

Resumo

Esta investigação teve como objetivo identificar e analisar a presença da ira nos desenlaces trágicos dos enredos de duas peças de Sêneca: Medeia e Tiestes. Para tanto, além de, inicialmente, conhecer-se em detalhes  a concepção senequiana das paixões e da própria ira, buscou-se explicar a determinância desta última, uma vez apossada do herói trágico, Medeia ou Atreu, respectivamente, na consolidação de um tipo de tragédia no qual a vingança nefasta da personagem irada e furiosa é o tema principal. Como questões-norteadoras, em conseguinte, propuseram-se as seguintes: 1) Quais são as causas que levam as personagens principais de Medeia e Tiestes se deixarem acometer pela ira? 2) Quais são as consequências da ira na alma dessas personagens? 3) De que forma a ira move o trágico nas peças? A fim de alcançar tais objetivos e responder aos referidos questionamentos, em termos de referencial teórico, considerou-se, primordialmente, o preconizado por Florence Dupont (1992) e C. J. Herington (1966); quanto à metodologia, utilizou-se do expediente da revisão bibliográfica acerca da temática de interesse e da extensiva leitura crítico-analítica de ambas as tragédias supramencionadas, num esforço de naturezas qualitativa e bibliográfico-documental (Moreira; Calefe, 2008). Isso posto, foi possível reconstituir todo o percurso de afetação da ira na alma dos protagonistas  em ambas as peças, desde a sua dor inicial, que lhes causa a necessidade de vingança, até à culminância em uma nefasta e violenta cena de assassínio catártico, quando herói trágico torna-se em monstro mitológico.