CORPO E EROTISMO NA POÉTICA DE GILKA MACHADO E CONCEIÇÃO EVARISTO
: CONTRIBUIÇÕES DA CRÍTICA FEMINISTA INTERSECCIONAL
Palavras-chave:
Poesia, Erotismo, GêneroResumo
Reconhecemos que há um processo histórico de marginalização das vozes líricas
de autoria feminina negra em nossa tradição literária. Gilka Machado (1893-1980),
pioneira na poesia erótica de autoria feminina, foi julgada pela crítica machista do
início do século XX, o que contribuiu para sua não inserção no cânone (pré)
modernista. Na contemporaneidade temos diversas autoras que reivindicam o falar
sobre os prazeres do corpo em seus poemas, no entanto, ainda percebemos certa
resistência por parte da academia em validar tais viés poético. A escritora
Conceição Evaristo (1946), por exemplo, figura como um dos mais importantes
nomes da literatura brasileira do século XXI, no entanto, a perspectiva erótica de
sua poesia costuma ser pouco explorada. Este projeto se vincula às iniciativas de
abordagem da produção poética de nossas escritoras pioneiras, como Gilka
Machado, aliada à crítica analítica da poesia contemporânea produzida por
mulheres, especificamente Conceição Evaristo. Escolhemos as duas poetas negras
por se destacarem em suas épocas e produzirem poesia de temática erótica em
períodos distintos, o que interessa a essa pesquisa pela possibilidade comparativa.
Reconhecemos uma série de aproximações e distanciamentos quanto às formas de
abordar o erótico que podem ou não evidenciar questões de gênero e raça,
portanto, utilizamos a crítica literária feminista interseccional como nossa principal
fundamentação teórica. A metodologia envolve a pesquisa bibliográfica e o estudo
analítico de poemas selecionados por meio da leitura comparada, apontando
semelhanças e diferenças na forma como as duas escritoras tratam o erótico como
elemento de poder e ruptura.