O PAPEL DA CRENÇA NO MUNDO JUSTO NA DISCRIMINAÇÃO LEGITIMADA PELA JUSTIÇA

Resumo

O presente artigo tem como objetivo apresentar uma análise acerca do papel das percepções de justiça (Escopo de Justiça e Crença no Mundo Justo) juntas na relação entre o preconceito e a discriminação contra grupos étnicos e minoritários no Brasil (negros, indígenas, ciganos e imigrantes negros). Realizou-se uma pesquisa quantitativa através de questionário com aplicação em lápis e papel, relacionando o preconceito (PREC), o escopo de justiça (EJ), o suporte a políticas discriminatórias (SPD) e a crença no mundo justo (CMJ). Participaram do estudo 141 pessoas, em sua maioria paraibanas, que se identificam com o gênero feminino, autodeclaradas brancas e com renda familiar média de quatro mil reais. Análises descritiva, fatorial e correlacional foram realizadas e obtiveram como resultados significativos a mediação da crença no mundo justo na relação preconceito e suporte a políticas discriminatórias e a moderação dessa relação pelo escopo de justiça. Isto é, as pessoas com maior atitude preconceituosa contra esses grupos se sentem mais motivadas a acreditar que o mundo é justo, e tem maior intenção em discriminá-los, justificando esse processo. Tal justificativa é impactada quando as pessoas também restringem o escopo de justiça apenas para o endogrupo (brancos). Esta pesquisa contribui nos estudos sobre o papel das percepções de justiça na legitimação do preconceito contra grupos étnico-minoritários no Brasil.